A minha ligação a Sintra já vem de longe, começou nos meus primeiros 14 anos de vida, com as estadias, visitas e férias na quinta do meu avô em Albarraque - com a vista da Serra de Sintra sempre presente. Continuou mais tarde quando morei 8 anos em Magoito, também com a vista da Serra sempre presente.
Este meu registo vem a propósito de através de uma partilha de um texto de Tiago Bueso (não o conheço), acerca da lista de "coisas" do que é ser de Sintra, a maioria delas foram vividas e sentidas por mim ao longo destes tempos. Agora moro do outro lado da Serra, perto de Cascais mas sempre com a Serra de Sintra no horizonte, mas o posicionamento é diferente, o que estava à esquerda em Sintra em Cascais está à direita e vice-versa. A todos os níveis: Beleza, Natureza, Perfil, Cultura, Monumentos, História e outros menores, considero-a a Serra mais bonita de Portugal.
A lista partilhada de Tiago Bueso em Setembro de 2016 acerca do que "é Ser de Sintra":
- Sentires-te em casa quando chegas a Ranholas;
- Ires à praia entre as 12h e as 17h, porque até às 12h o céu está nublado e a partir das 17h também;
- Teres passado as noites de Verão da tua adolescência no "Maria Bolachas";
- Saberes que o Verão começa com as festas de São Pedro e termina com as festas de São João das Lampas;
- Ouvires chamarem-te betinho só por dizeres que és de Sintra (até podes ter o corpo todo tatuado e uma torneira presa no nariz, mas serás sempre betinho porque és de Sintra);
- Saberes que o dérbi 1º Dezembro - Sintrense é tão ou mais importante do que um Benfica - Sporting;
- Saberes que Magoito, Tojeira, Bolembre e Arneiro são terras diferentes, mesmo que o presidente do MTBA te diga o contrário;
- Comprares uma fatia de salame de chocolate sempre que vais à feira de São Pedro;
- Contares histórias sobre rituais satânicos na Peninha sem teres presenciado nenhum;
- Saberes porque estão tantos carros parados no largo de Sta. Eufémia às sextas e sábados à noite... sem que ninguém saia dos carros;
- Olhares para a serra e veres o castelo à esquerda e o palácio à direita ou, no caso de viveres em São Pedro ou na Portela de Sintra, veres os dois de "esguelha" e o castelo mais alto do que o palácio (se vês o palácio à esquerda e o castelo à direita, não vives em Sintra);
- Entrares na faculdade e ficares feliz por ouvir um monte de gente dizer que é de Sintra mas, quando perguntas de que zona, respondem-te Rio de Mouro, Cacém ou Tapada das Mercês;
- Saberes que estás na fronteira da tua "zona de conforto" quando chegas ao Cabo da Roca (porque depois é Cascais), ou quando chegas à Praia de São Julião (cuja metade sul ainda é Sintra, mas a metade norte já é Mafra);
- Evitares o centro histórico durante o fim-de-semana, porque sabes que a hora de ponta de Lisboa se transferiu para a "Volta do Duche";
- Dizerem-te que o travesseiro e a queijada são os doces típicos da tua terra, mas saberes que o segredo mais bem guardado é o pastel da Cruz Alta.
Só podes ser de Sintra, quando estás em Lisboa com guarda-chuva num dia de sol, ou quando estás vestido de uma forma primaveril e está a chover;
Louvar Sintra. Amar Sintra
"Sintra é o mais belo adeus da Europa quando enfim encontra o mar."
(...)
"Sintra é
o único lugar do país em que a História se fez jardim. Porque toda a
sua legenda converge para aí e os seus próprios monumentos falam menos
do passado do que de um eterno presente de verdura. E a memória do que
foi mesmo em tragédia desvanece-se no ar ou reverdece numa hera de um
muro antigo."
(...)
Amar o seu silêncio, a frescura inicial da alma, a História e monumentos
feitos elementos da Natureza. Amar a legenda sempre recente, a memória
breve, a iniciação à alegria que não cansa.
[Textos do livro Sintra Património da Humanidade, edição CMS (1998), Vergílio Ferreira (1916-1996)]