Ao manusear a documentação do meu sogro encontrei uma folha do Rádio Clube Português com uma "Lista de canções proibidas", divulgada internamente em 22 de Abril de 1972 às 17h30m.
Passados estes anos todos desde o 25 de Abril de 1974, com toda a informação divulgada desde então, todo o conhecimento adquirido, continuo a não compreender como existem pessoas que continuam a defender determinados valores, regimes e pessoas como exemplo. Sinceramente, não compreendo, para mim é inconcebível que alguém me diga o que só posso ouvir, ler ou fazer, penso que deve ficar ao critério e opção de cada um essa análise e decisão.
Da lista faz parte a canção "Vampiros" que ouvi pela primeira vez em 1971, esse disco tinha sido comprado numa discoteca no dia em que houve a apreensão de todos os discos em tudo o que era discoteca e editora. Estava a estudar no colégio e a sua audição foi durante a reunião semanal com a assistente social onde nós aproveitámos para falar de vários assuntos do nosso interesse, a maior parte dos quais eram colocados por nós ...
Resumindo, existem muitas pessoas com saudades da manada, andar em manada, comer em manada, pensar em manada, etc. Passados 55 anos da edição original, o tema continua e continuará amargamente actual.
CANÇÃO "OS VAMPIROS", foi originalmente gravada no álbum Baladas de Coimbra (EP II), em 1963, de José Afonso.
DEFINIÇÃO NO DICIONÁRIO, substantivo feminino, Rebanho de gado graúdo, geralmente bovino, cavalar ou muar. [Figurado] Grupo de pessoas que se deixam conduzir ou influenciar sem nada porem em causa.
Alguns exemplos de manadas/rebanhos:
Os Vampiros
No céu cinzento sob o astro mudo
Batendo as asas pela noite calada
Vêm em bandos com pés de veludo
Chupar o sangue fresco da manada
Se alguém se engana com seu ar sisudo
E lhes franqueia as portas à chegada
Eles comem tudo eles comem tudo
Eles comem tudo e não deixam nada [bis]
A toda a parte chegam os vampiros
Poisam nos prédios poisam nas calçadas
Trazem no ventre despojos antigos
Mas nada os prende às vidas acabadas
São os mordomos do universo todo
Senhores à força mandadores sem lei
Enchem as tulhas bebem vinho novo
Dançam a ronda no pinhal do rei
Eles comem tudo eles comem tudo
Eles comem tudo e não deixam nada
No chão do medo tombam os vencidos
Ouvem-se os gritos na noite abafada
Jazem nos fossos vítimas dum credo
E não se esgota o sangue da manada
Se alguém se engana com seu ar sisudo
E lhe franqueia as portas à chegada
Eles comem tudo eles comem tudo
Eles comem tudo e não deixam nada
Eles comem tudo eles comem tudo
Eles comem tudo e não deixam nada
[Letra da canção "Os Vampiros", José Afonso (1929-1987)]
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