Este blogue surge na sequência de notícia publicada no "Observador.pt" em 2018-05-16, de que a equipa açoriana Santa Clara cumpriu promessa e subiu ao Pico para assinalar regresso à I Liga, cujo objectivo foi a de:
"Mostrar que os Açores têm a montanha mais alta do país", e o Santa Clara teve de "mover montanhas" para chegar ao escalão máximo do futebol português.Esta subida à montanha do Pico faz parte à muito tempo de uma lista curta de objectivos a realizar por mim, ainda este século porque a idade não perdoa, de modo a poder ficar como uma das lembranças mais significativas da minha vida.
Conforme foi dito pelo treinador da equipa e que subscrevo totalmente: “Quando se quer alcançar muito algo, vai custar, custa sempre, mas vale a pena”.
A Montanha do Pico é um estratovulcão que, com 2 351 metros de altitude, constitui a mais alta montanha de Portugal. A sua altitude é mais do dobro da de qualquer outra montanha dos Açores. Medido a partir da zona abissal contígua, o edifício vulcânico tem quase 5 000 metros de altura, quase metade submersa sob as águas do oceano Atlântico.
Localizada na parte ocidental da ilha, no cimo da montanha localiza-se a cratera do vulcão propriamente dito e dentro dessa cratera, numa erupção recente do ponto de vista geológico surgiu outra elevação de menor dimensão a que foi dado o nome de Pico Pequeno ou Piquinho, com cerca de 70 metros de altura. Na base desta segunda elevação emanam fumarolas vulcânicas com forte teor de enxofre. A cratera apresenta-se sensivelmente arredondada, tendo cerca de 700 metros de perímetro por uma profundidade medida a partir dos bordos de cerca de 30 metros.
A escalada da Montanha do Pico faz parte dos trilhos pedestres da ilha do Pico, constituindo-se no Trilho Pedestre da Montanha do Pico. Subir à montanha do Pico não deve ser encarado de ânimo leve e com irresponsabilidade, dado não só a altitude que se atinge, mas a orografia do local, o facto de se poder em qualquer altura ficar rodeado de nuvens ou neblinas cerradas e mesmo por vezes chuvas intensas.
Esta escalada permite ao alpinista o apreciar de uma calma e serenidade que só se encontra no silêncio das grandes montanhas. No horizonte, onde o mar é rei e senhor encontra-se um azul inebriante que muda de tom conforme a hora do dia e a nebulosidade.
A noite, quando a Lua reina nos céus a paisagem é mais estranha, bucólica, no mar iluminado pelo luar nasce uma estrada de luz que se estende até ao horizonte. Ao redor do alpinista impera o silêncio aqui e ali entre-cortado pelo murmúrio do vento.
O oceano atlântico agiganta-se lá no fundo dos 2.351 metros da montanha com as ilhas do grupo central dos Açores a pintalga-lo, avista-se logo ali a ilha do Faial, mais além, a ilha Terceira, a ilha de São Jorge e a ilha Graciosa. Durante o dia distinguem-se os seus pormenores e recostes, mas à noite somente a luz artificial da humanidade é visível.
REPORTAGEM, reportagem da RTP Açores de Agosto de 2001, com o assunto "Açores: a riqueza da fauna e da flora na Ilha do Pico." Veja o vídeo aqui.
VULCÃO DA MONTANHA DO PICO, é o terceiro maior do Atlântico, é um vulcão recente com cerca de 750 mil anos de idade. A última erupção ocorreu em 1718.
DORSAL MESO-ATLÂNTICA, ou crista oceânica do Atlântico, é uma cordilheira submarina localizada ao longo do fundo do Oceano Atlântico e o Oceano Ártico por mais de 65.000 km, como a costura de uma bola de basebol. É a mais longa cadeia de montanhas sobre a terra, no entanto mais de 90% está localizada debaixo de água. Há poucos lugares na Terra onde ela se projecta para fora da superfície do oceano, sob a forma de algumas ilhas, uma das quais é a Islândia. A Islândia tem a maior parte da dorsal exposta acima do nível do mar.
A MONTANHA DO PICO NA DORSAL MESO-ATLÂNTICA, é o ponto mais alto da dorsal, embora existam pontos mais altos em ilhas atlânticas, mas fora da dorsal. Tem um isolamento topográfico de 1 451 km, distância a que se encontra do mais elevado Roque de los Muchachos, nas Canárias.
CARTA DE PRINCÍPIOS DE ESCALADA À MONTANHA DO PICO, criada com a implementação do Trilho Pedestre da Montanha do Pico, estabelece os princípios e regras que devem ser tidos em conta de forma a não por em perigo a vida a quem ascende à montanha.
FOTOS, todas as fotos publicadas foram obtidas na web de variados sites e autores, Wikipédia, turismo.
A montanha |
Montanha do Pico ao pôr-do-sol |
Montanha do Pico com "capacete" |
A Montanha do Pico coberta de neve, vista da Ilha de S. Jorge. |
O cimo da montanha: a cratera e o "Piquinho" |
Curiosidades
Foto na cratera |
A subida da equipa do Santa Clara, que deu origem a este blogue.
Foto no "Piquinho" |
Subida à Montanha do Pico em 1914 Publicado na revista Ilustração Portuguesa, nº422, de 23-03-1914 |
Na cratera da Montanha do Pico, fotografia tirada em 1901 durante a subida dos irmãos Goulart (Fonte: Manuel Goulart, colecção do New Bedford Whaling Museum). |
Missa campal na cratera da Montanha do Pico, em 1954.08.15
"Esta Missa foi celebrada devido aos acontecimentos que começavam a verificar-se em Goa, Damão e Dio, na chamada Índia portuguesa. Nheru, líder da União Indiana, queria o regresso daqueles territórios ao seu país, e activistas indianos, seguindo a politica de "não-violência" de Ghandi, deslocavam-se em massa até às fronteiras das zonas sob controlo de Portugal, procurando invadi-las pacificamente. A celebração na Montanha do Pico, a primeira que ali se fez, foi transmitida pelo Emissor Regional dos Açores. Como se sabe a União Indiana acabou por invadir militarmente os territórios em 1961, aprisionando alguns milhares de tropas portuguesas. Havia alguns açorianos entre eles e conheci mais tarde um deles em S. Miguel, José Sebag, nascido no Faial, um grande homem da comunicação social, principalmente da rádio, e poeta surrealista de valor (pouco conhecido infelizmente). Morreu ainda novo há alguns anos." - Por Manuel João Coelho
(Fonte: fotografia de autor desconhecido, arquivo de António Silva)
Dorsal Meso-Atlântica
Mapa da Dorsal Meso-Atlântica. |
Na Islândia, no maior lago natural Thingvallavatn, podemos mergulhar entre as duas placas tectónicas.
A Tempo
A tempo entrei no tempo,Sem tempo dele sairei:
Homem moderno,
Antigo serei.
Evito o inferno
Contra tempo, eterno
À paz que visei.
Com mais tempo
Terei tempo:
No fim dos tempos serei
Como quem se salva a tempo.
E, entretanto, durei.
[Poema "A Tempo" em "O Verbo e a Morte" (1959), Vitorino Nemésio (1901-1908)]
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