Andrew Follows, fotógrafo cego.

Ao ler o cabeçalho desta notícia no Almanaque do Notícias Magazine, nem queria acreditar, li a curta notícia duas vezes para apreender o máximo possível, é difícil de acreditar nas voltas que a vida nos dá por um lado e as várias formas de tornearmos as situações. Fico sempre muito feliz quando apesar de situações adversas, se consegue alcançar o sucesso, reconhecimento e mérito. Neste caso como estou a falar de uma dupla, estou duplamente feliz com alguma comoção pelo meio. 

Andrew Follows, australiano, 56 anos, nasceu com uma forma Rinite Pigmentosa, uma condição que tornou um olho completamente cego e o outro com a visão de túnel. As células da sua retina não conseguem processar a luz como deviam. É cego do olho esquerdo e no direito tem uma visão de túnel com pouca amplitude – só vê três metros quando a maioria das pessoas vê setenta metros, e isso através de uma neblina nebulosa. Nada atrapalha a sua vida. É fotógrafo com uma ajuda preciosa: Leo, o cão-guia.

Esta dupla não passou despercebida nos últimos Jogos da Commonwealth, na Austrália, onde Follows registou momentos importantes do evento multi-desportivo com o cão assistente.

Follows tem truques na arte de fotografar que desvendou ao Jornal “The Guardian”, o som da água da piscina e o comportamento da multidão são indicadores na hora de carregar no botão. “A câmara tornou-se nos meus olhos e permite-me ver o que todos podem ver. Amo profundamente a fotografia”, afirmou.

Andrew Follows com seu cão-guia, Leo, em 2008, fez um ano de formação de fotografia através do Photography Made Easy, onde a utilização da câmara digital o fez descobrir um mundo novo.

No final de 2009, obteve sua primeira câmara DSLR e através da inestimável ajuda da Nikon Austrália e sua visão artística cresceu desde então. Usando a câmara para documentar o mundo ao seu redor, as fotografias de Andrew são profissionais, únicas e inspiradoras. A lente torna-se seus olhos, o obturador sua própria existência, o computador seu meio de visão permitindo-lhe pela primeira vez ver o mundo mais claramente.

Nos últimos cinco anos, Andrew exibiu seus trabalhos em inúmeras galerias em Melbourne e Sydney, expostos no Festival de Arte de Edimburgo de 2012, na Nova Zelândia e em Luxemburgo, além de inúmeras publicações. Andrew recebeu o prémio 2012 Arts Access Australia Peoples Choice por uma de suas impressionantes fotografias.

Para seguir o seu trabalho basta aceder ao seu site profissional: https://andrewfollows.com

CONTEMPORARY DIGITAL VISION (Visão Digital Contemporânea),  é um programa inclusivo para pessoas com deficiência visual, capacitar a visão através da fotografia. É uma organização de artes iniciada por Andrew Follows e Atalanti Dionysus, que foi montada para realizar formações de fotografia e narrativa digital para deficientes visuais.

As formações visam aumentar a autoconfiança, desafiar e ajudar os participantes a se sentirem incluídos no mundo das artes visuais por meio da fotografia digital. Abordam questões como a incapacidade de ver o mundo, oportunidades recreativas limitadas, baixa auto-estima, falta de confiança e depressão.

Arte é paixão vinda do coração ... todo mundo tem coração, mesmo aqueles com deficiência. O objetivo é derrubar os muros ajudando os artistas com deficiência a alcançar seus objectivos, inspirando-os a seguir sua paixão!. 

FOTOS, as fotos apresentadas foram obtidas no site https://andrewfollows.com.

 

Algumas fotos do Andrew

Foto "Mirror", série Reflections, 2009.

Foto "Untitled", Série Fire and Ice, 2014.

 

 




Nos últimos Jogos da Commonwealth, na Austrália.

Leo nos últimos Jogos da Commonwealth, na Austrália.

Considero-me uma pessoa que tenta ser o mais simples possível e deixar que a vida lhe traga os problemas que ele vai tentar resolver se puder, mais nada. Nunca me considerei coisa nenhuma senão como uma pessoa qualquer à qual a vida apresentou uma série de circunstâncias que ele tratou de uma certa maneira, que me parece a mim que deram resultado, mas que efectivamente pode parecer aos outros diferente.

 [O tema "Simplicidade" em Entrevista, Agostinho da Silva (1906-1994)]