O Farol do Bugio localiza-se no Forte de São Lourenço do Bugio, sobre o ilhéu do Bugio, à entrada do estuário do Tejo. Foi edificado em 1586, destruído pelo terramoto de 1755, foi reconstruído e após inúmeras catástrofes marítimas e por decreto do Marquês de Pombal, em 1775 instalou-se ali um farol. A pouca eficiência e consequente inutilidade como ajuda à navegação do aparelho de então está na origem das queixas em 1812, que obrigaram a alterações nos anos de 1829 e 1836. Dezasseis "candeeiros de Argand" produziam uma luz branca com um alcance de 16 milhas em 1865. Em 1895 a modificação no aparelho, agora alimentado a petróleo, produzia além da luz branca fixa, clarões vermelhos de 20 em 20 segundos. O gás passa a ser fonte de energia em 1933 para em 31 de Dezembro de 1959 dar lugar à electricidade.
Várias gerações de faroleiros passaram por ali, até que em 1982 foi abandonado à automatização.
Desde que eu me lembro sempre admirei este farol, para além de estar sempre presente na paisagem, esteve, está e estará sempre presente na minha vida, desde os tempos de estudante em que todos os dias o via, quer pelas deslocações de Cascais para Lisboa e vice-versa pela marginal ou de comboio. Posso contabilizar como muitos milhares as visualizações.
Em mim, os faróis exercem um fascínio, não sei explicar, no caso do Bugio em particular talvez por estar rodeado por água, sempre distante e inacessível, mas ao mesmo tempo sempre disponível a ajudar e "amigo". Em Fevereiro de 2016, num voo com amigos a partir de Tires, foi sobrevoado e admirado, deu para perceber a sua real dimensão e ao mesmo tempo a sua pequenez no meio da paisagem. Em dias de tempestade devia ser muito difícil a vida dos faroleiros residentes.
CANDEEIROS DE ARGAND, a lâmpada de Argand foi inventada e patenteada em 1780 por Aimé Argand, um físico e químico suíço. Melhorou muito a iluminação doméstica da altura, predominantemente feita por lâmpadas a óleo, produzindo uma luz equivalente a cerca de 6 a 10 velas. Para além da melhoria no brilho, a combustão mais completa do óleo requeria ajustamentos muito menos frequentes da torcida. Esta lâmpada, dadas as suas características de forte intensidade de luz e estabilização de chama, sem produzir fumos, revolucionou a iluminação de faróis.
MILHA MARÍTIMA, é uma unidade de medida de comprimento ou distância, equivalente a 1 852 metros, utilizada quase exclusivamente em navegação marítima e aérea e na medição de distâncias marítimas.
EPISÓDIO DE "VISITA GUIADA" (RTP) SOBRE O FAROL DO BUGIO, episódio 22 da série da Temporada 4, transmitido em 26 de Setembro de 2016. Para visualizar o episódio clicar aqui.
FOTOS, para além das fotos publicadas e tiradas por mim durante o voo, são publicadas também fotos da WikiPédia, DGPC, AMN,
Fotos tiradas quando se sobrevoávamos o Farol do Bugio em Fevereiro de 2006.
DGPC - Direcção-Geral do Património Cultural
A base da fortaleza, de planimetria circular, assenta sobre todo o ilhéu, protegida por uma muralha baixa, com alambor. Ao centro da praça foi erigida a torre, também circular, dividia em dois registos, com 21 dependências interiores e poucas janelas rasgadas no seu perímetro, e integrando uma capela dedicada ao padroeiro São Lourenço, com retábulo-mor em embrechados de mármore e espaço interior forrado de madeira.O estado de degradação das muralhas da fortaleza, devido à forte exposição à violência das vagas, exigiram obras de fundo com grande urgência devido ao risco eminente de colapso das muralhas que podiam levar à destruição total do mais belo farol português. Obras de consolidação por risco de desabamento foram efectuadas entre 1996 e 2000.
Vista geral |
Muralha exterior |
Acesso ao terraço |
Pátio central com portal da capela |
Pátio central e passadiços superiores do farol |
Terraço da muralha exterior |
Torre do farol |
Pátio central e passadiço do farol |
Interior da Capela |
Um pouco de história ...
E se procurarem saber porque é que todas as imaginações humanas, frescas ou murchas, tristes ou alegres, se voltam para o passado, curiosas de nele penetrarem, acharão sem dúvida que o passado é o nosso único passeio e o único lugar onde possamos escapar dos nossos aborrecimentos quotidianos, das nossas misérias, de nós mesmos. O presente é turvo e árido, o futuro está oculto.
["Voltar ao Passado" em "A Vida em Flor", Anatole France (1844-1924)]
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