terça-feira, 26 de junho de 2018

Deputado em greve de fome por causas ... sim, em Portugal!

Ver um deputado em greve de fome por causas é deveras raro, sim, em Portugal, não, não é no Continente, é deputado regional, eleito pela pequena Ilha do Corvo nos Açores, desde 2008.

Este deputado do parlamento açoriano de seu nome Paulo Estêvão, do PPM, já não é a primeira vez que utiliza esta forma de luta para defender o que considera injustiças e desigualdades para a população da Ilha do Corvo relativamente às restantes ilhas do arquipélago.
Na altura ao ouvir esta notícia no noticiário da RTP não liguei muito, passado alguns meses deparo-me com a notícia numa pesquisa, após ler atentamente, despertou em mim curiosidade por maior conhecimento desta e restantes notícias acerca deste deputado e as suas formas de luta, porque não terá sido mais divulgado? Os bons exemplos não se copiam e além disso sempre ouvi dizer que a "cantina" da assembleia da república até nem serve mal ... e o povo está tão distante entre períodos de 4 anos e além disso toda a energia deverá ser direccionada para outras actividades paralelas.

Quem é o deputado Paulo Estêvão, tem 50 anos, natural de Serpa, no Alentejo, chegou aos Açores em 1995, pouco depois de ter concluído a licenciatura em História na Universidade de Évora. Foi professor da disciplina na Terceira, no Faial e no Pico, até aterrar no Corvo onde foi director da escola local entre 2001 e 2008. Foi pela mão do CDS que entrou na política activa. Chegou a ser vice-presidente do CDS-Açores, antes de se filiar no PPM, em 2000. Oito anos depois foi eleito deputado pelo circulo do Corvo, repetindo a eleição nas regionais de 2012 e 2016.


Ano: 2018
Causa: Ausência de uma cantina na Escola Básica e Secundária Mouzinho da Silveira, a única na ilha do Corvo, que é frequentada por 42 alunos.
Forma de luta: 12 dias de greve de fome
Paulo Estêvão: “Estou a lutar contra uma discriminação. Contra uma brutal discriminação. Sei que isto que estou a fazer é uma aflição para a minha família e para os meus amigos. Mas não posso desistir, enquanto o governo regional continuar a tratar o Corvo de forma diferente das outras ilhas. Existem freguesias ainda mais pequenas do que o Corvo, onde a proximidade da escola com a casa dos alunos é maior, e têm cantina escolar. Apresentei propostas de alteração ao orçamento. Projectos de resolução. Até boicotei o jantar oficial com o Presidente da República, e nada…”, reclama, dizendo que, enquanto nas outras ilhas o governo regional introduziu a opção de refeições vegetarianas e chega a manter as cantinas abertas durante as interrupções lectivas, o Corvo, a ilha mais pequena do arquipélago, continua a ser esquecida. No fim da greve, Paulo Estêvão fala em compromisso com o governo açoriano e termina greve de fome. Executivo diz que não cedeu, e que a solução já estava prevista desde o ano passado.


Ano: 2011
Causa: Instalação de um Eco-museu no Corvo
Forma de luta: Comprou e doou à região um edifício
Protagonizou outro episódio pouco ortodoxo, face às reticências do governo açoriano em instalar um eco-museu no Corvo – “era a única ilha do arquipélago que não tinha um” –, Paulo Estêvão comprou e depois doou à região um edifício do século XVII para aí ser instalado o espaço museológico. Apesar de ter recebido solidariedade dos restantes partidos da oposição e “nem uma palavra” do governo regional. O eco-museu será inaugurado este ano.


Ano: 2009
Causa: Instalação de uma delegação da assembleia regional no Corvo
Forma de luta: 3 dias de greve de fome
Paulo Estêvão esteve quase três dias em greve de fome, para exigir a instalação de uma delegação da assembleia regional no Corvo, que era, à data, a única ilha do arquipélago sem essa extensão do parlamento. Só terminou o protesto, depois de ter uma garantia “por escrito” de que o problema seria resolvido. E foi. 


O belo Caldeirão






A ilha do Corvo é o meu mosteiro. A finisterra de onde se pode observar, em silêncio contemplativo, o resto do país. É um lugar mágico, de gente maravilhosa.

[Paulo Estêvão] 

Sem comentários:

Enviar um comentário