quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

Viagem entre a Suécia (Estocolmo) e a Finlândia (Helsínquia) e volta.


Durante a nossa estadia na Suécia de 1982 a 1984, no inverno de 1983 resolvemos ir passar um fim-de-semana a Helsínquia para visitar e ficar a conhecer melhor a cidade e eventualmente servir de comparação com Estocolmo ao nível de ambiente, arquitectura e habitantes. Na altura os finlandeses eram o maior grupo de emigrantes na Suécia.

Havia duas carreiras regulares entre os dois países e as respectivas capitais:




Por uma questão económica a nossa escolha incidiu na Viking Line. Reservamos a viagem ida e volta, hotel, jantar e pequeno almoço nas viagens. Não me lembro qual o montante gasto mas ainda teve algum impacto nas nossas "economias".

O troço principal da viagem era feito de noite, atravessando o Mar Báltico e acordávamos a chegar ao destino mas ainda com tempo para o pequeno almoço.

Estas viagens são TAX FREE que significa tudo é mais barato a bordo sem as altas e normais taxas - com especial incidência em álcool e tabaco. Nós que pensávamos que tínhamos visto tudo no primeiro fim-de-semana em Estocolmo no respeitante ao problema do álcool (chocante) o que vimos a bordo foi muito pior ... sem palavras!

Breve descrição da viagem de ida assim que se soltaram as amarras no porto em Estocolmo, viagem iniciada numa sexta-feira com chegada no sábado de manhã:
  • A tripulação começou a tirar os panos que cobriam as slot-machines e roletas;
  • Começaram a abrir os bares;
  • Começaram a abrir as lojas;
  • Começaram a servir as bebidas aos passageiros, começaram a deambular pelo navio, outros a jogar, outros a irem com as respectivas bebidas para os decks exteriores para apreciar a paisagem, etc.;
  • Ao fim de 2 a 3 horas são abertos os restaurantes (bufete), nunca vi tanta gente a comer tanto em tão pouco tempo (seria o álcool a "fazer" essa necessidade?). Nós fizemos uma refeição normal e até encomendamos vinho para acompanhar ao contrario dos nossos colegas de mesa;
  • Depois do jantar são abertas as discotecas e ei-los a dançar e a beber até cair;
  • Ao fim de umas horas o chão, os corredores e os decks estão cheios de pessoas a curtir a bebedeira;
  • Por volta da meia-noite fomo-nos deitar porque "já chegava"!.
  • De manhã eram só pessoas com caras muito "felizes" a tomar o pequeno almoço, uma ínfima parte em número relativamente ao jantar;
  • Depois começou a operação inversa da tripulação a fechar os jogos, bares e lojas;
  • Não ficamos para perceber como iriam sair do navio todos os que estavam ainda a dormir nas salas, corredores e decks.

Ficamos a saber que o bilhete mais barato era passar a noite numa cadeira no deck, mas apesar do barulho existente nos corredores soube muito bem dormir algumas horas numa cabine minúscula e muito básica, mas pudemos tomar banho ao contrário de quem só tinha o deck.

Primeira surpresa ao chegar a Helsínquia era o mar gelado e ver pessoas a caminhar e a acenar acompanhando o navio que navegava num corredor aberto.

A viagem de regresso foi muito mais calma porque chegaria numa 2.ª feira e todos deviam seguir directamente para o trabalho e tinham que estar em condições.


VIAGEM, apesar de referir a palavra viagem nos textos, para muitos o correcto seria a palavra cruzeiro. É disso que se trata, muitos suecos fazem a versão mais curta, um dia de cruzeiro com saída às 7h45m e chegada às 18h55m, saída de Estocolmo até Mariehamn, Ilhas de Aland entre a Suécia e a Finlândia, com todos os benefícios do Tax Free na sua globalidade, almoço bufete e regressar.

SAUNA, para quem deseja e para aproveitar os tempos "mortos" nada como fazer uma sauna, sempre agradável, saudável e que eu em particular aprecio muito.

FOTOS, as fotos de suporte ao texto foram obtidas a partir dos sites das empresas Viking Line e Silja Line.


Local de embarque em Estocolmo. Ida e volta num navio igual.
O navio da Viking Line com as suas cores oficiais.

O navio da Silja Line com as suas cores oficiais.








Era um pássaro alto como um mapa 
e que devorava o azul 
como nós devoramos o nosso amor.

Era a sombra de uma mão sozinha 
num espaço impossivelmente vasto 
perdido na sua própria extensão.

Era a chegada de uma muito longa viagem 
diante de uma porta de sal 
dentro de um pequeno diamante.

Era um arranha-céus 
regressado do fundo do mar.

Era um mar em forma de serpente 
dentro da sombra de um lírio.

Era a areia e o vento 
como escravos 
atados por dentro ao azul do luar.


[ Poema "Era um Pássaro Alto" em "Áfricas" (1950), Artur do Cruzeiro Seixas (1920)]

 

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