sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

Os Vikings em Portugal e na Galiza


Acabado de publicar o blog sobre Birka e os vikings eis que ao ler as notícias do dia deparo-me com o artigo da Agência Lusa sobre a obra publicada "Os Vikings em Portugal e Galiza" da autoria de Hélio Pinto, após ler o artigo com algumas afirmações que contradizem alguns textos que publiquei, resolvi transcrever o artigo em questão porque será importante divulgar todos os trabalhos de pesquisa e de investigação e no caso presente envolvendo no assunto Portugal.

Com base no artigo da Agência LUSA com declarações do autor da obra HÉLIO PIRES.
Hélio Pires é autor da obra “Os Vikings em Portugal e na Galiza”, publicada pela Zéfiro, afirmou que não há vestígios materiais e são difusos os testemunhos da presença viking que se fez sentir nas costas portuguesas.
O termo viking é uma actividade e não um povo ou grupo étnico”, afirmou o historiador, segundo o qual a actividade viking “é pilhagem, navegação, colonização, comércio, e quem a praticava saltava de uma actividade para a outra, conforme lhe desse jeito ou o contexto o permitisse”.
“Podemos pensar na actividade viking como os descobrimentos portugueses dos séculos XV e XVI. Era praticada por uma parte da sociedade, incluía alguns estrangeiros e, no sentido estrito da navegação, há um conjunto de actividades associadas, como a colonização, comércio, missionação, tal como os vikings”, que eram nórdicos e faziam navegações, com todas as actividades associadas disse.
Dublin, a capital da República da Irlanda, é de fundação viking e começou por ser uma base de apoio às suas navegações, defende o investigador.
“Viking define uma actividade e não um grupo étnico”, e deu como exemplo as inscrições tumulares em que se lê que um indivíduo “morreu em viking na rota ocidental, por exemplo” ou que “foi em viking”.
O investigador referiu outras duas hipóteses: “Viking podia ser uma actividade sazonal ou até iniciática; quando um rapaz chegava a uma certa idade ia em viking, como rito de passagem para a maior idade, e ia pilhar ou comercializar conforme a estação”.
Referindo-se à temática viking, Hélio Pires afirmou que “há todo um conjunto de ideias feitas, de estereótipos, que perduram por falta de informação”, e que espera o seu livro venha a esclarecer.
Segundo Hélio Pires, as campanhas marítimas viking alcançaram Sevilha, no sul de Espanha, “tendo obrigatoriamente passado pelo Algarve”, mas foram sempre contactos fugazes e de pilhagem.
“Habitualmente abordavam a costa, pilhavam e seguiam a viagem. Há três casos em que a estadia foi mais prolongada, mais convivencial, mais comercial. Um na Galiza, entre os anos de 978 e 979, e outro, em que estiveram na região entre os rios Douro e Ave durante nove meses, em que capturaram pessoas, venderam-nas como escravos, e as pessoas tiveram de viver com eles à força e pagar resgate. E há um ainda mais curioso, um outro, em Santa Maria da Feira, em 1026, em que há notícia de um pagamento de resgate em géneros, e não em ouro ou prata, com intervenção de representantes do município”, conta o investigador.
O que “é mais difícil de saber é se estes casos correspondem a um padrão de comportamento ou se são mais esporádicos”, acrescentou.
A presença viking em território nacional despertou interesse pela primeira vez no século XVIII, quando Carvalho da Costa atribuiu origem viking ao topónimo Gondarém, freguesia de Vila Nova da Cerveira, no Minho, o que é “pouco provável”, segundo Hélio Pires, que afirmou “não ser muito preciso, pois antes dos vikings tocarem as costas portuguesas houve as invasões germânicas, no século V, e Gondarém é um dos antropónimos de origem germânica, que já existiam antes da chegada dos vikings”.
Todavia, aponta como possível origem viking para o topónimo Lordemão, em Coimbra, com base em fontes escritas ibéricas que referem “lordemanos”, mas “sem grandes certezas”, sendo “apenas uma hipótese” e “não nada de concreto”.
“Sendo de possível origem viking, a região de Lordemão pode ter sido uma base de ataque da qual ficou a memória, um conjunto de homens que andava em viking e foi capturado e enviado para aquela zona, como servos, para colonizar, como era comum, ou criminosos de crimes menores que estavam a fugir, ou pessoas que não tinham outro sítio onde se fixar”, disse.
Certezas tem o investigador que os vikings, como referem as crónicas medievais ibéricas, árabes e até uma crónica franca, atacaram e chegaram a certos pontos da costa portuguesa, como por exemplo a Nazaré.
Referindo-se ao livro, o investigador afirmou esperar que abra caminho a outras investigações e que “alguns arqueólogos comecem a olhar para certos vestígios com outros olhos e considerem a hipótese viking, que, à primeira vista, pode passar despercebida”.
Hélio Pires quer que a leitura de "Os Vikings em Portugal e na Galiza. As Incursões Nórdicas Medievais no Ocidente Ibérico" “familiarize um pouco mais os portugueses com o tema”, que tem pouca expressão na bibliografia nacional.

HÉLIO PIRES, 37 anos, é doutorado em estudos medievais pela Universidade Nova de Lisboa, cuja tese está na base desta obra, tendo feito o mestrado em estudos viking e medievais, na Universidade de Uppsala, na Suécia. No próximo ano conta publicar um ensaio sobre mitologia nórdica.

PUBLICAÇÕES ACADÉMICAS:
Viking attacks in western Iberia: an overview 
Viking and Medieval Scandinavia 9, 2013
Turnhout: Brepols Publishers (publicação pendente) 
Sigurðr’s attack on Lisbon: where exactly? Viking and Medieval Scandinavia 8, 2012 
Turnhout: Brepols Publishers 
Páginas 203-209

São Gonçalo: a lenda de um ataque viking 
Notícias Asgardianas 2, 2012 
NEVA, Universidade Federal do Maranhão Brasil 
Páginas 4-9

Money for freedom: ransom paying to Vikings in western Iberia 
Viking and Medieval Scandinavia 7, 2011 
Turnhout: Brepols Publishers 
Páginas 125-130

Da Noruega para a Islândia: a formação da identidade islandesa 
Actas do VI Congresso de Estudos Clássicos: Identidade e Cidadania, 2010 
Porto: Papiro Editora 
Volume I, páginas 243-252
  
SOBRE O LIVRO - SINOPSE, Escandinávia, França, Ilhas Britânicas, Gronelândia e América do Norte. São estes os locais que o grande público associa com frequência aos vikings e com razão, porque deles partiram ou neles protagonizaram episódios memoráveis entre os finais dos séculos VIII e XI. Contudo, é pouco divulgado que estiveram também no território que hoje é português e galego, não de forma esporádica, mas sistemática, e isto ao longo de aproximadamente duzentos anos. Para além disso, na primeira metade do século XII, a presença de nórdicos na costa ibérica persistiu, já não como piratas pagãos, mas como cruzados.

Esta obra pretende dar a conhecer uma parte da nossa História que se encontra intimamente ligada à da Escandinávia e da Europa ocidental. Quem eram os vikings? De onde vinham, que crenças tinham, quais as suas motivações, até onde chegaram e o que fizeram, não só no que é hoje Portugal e a Galiza, mas também noutros lugares, sendo enquadrados num contexto mais amplo?

Neste livro encontrará as respostas a estas e outras perguntas. Os vários capítulos que o constituem encontram-se tematicamente subdivididos, ajudando a decifrar a informação de fontes nem sempre claras, muitas delas obscuras e quase todas breves. E o resultado, espera-se, será um melhor conhecimento da Idade Viking, que é também uma parte da nossa História, para lá dos clichés da violência e dos elmos com cornos que, na verdade, não eram usados. 


FOTOS, as fotos publicadas foram obtidas no site da editora e de um jornal online de Alcobaça.


Hélio Silva


Hoje, ao tomar de vez a decisão de ser Eu, de viver à altura do meu mister, e, por isso, de desprezar a ideia do reclame, e plebeia sociabilização de mim, do Interseccionismo, reentrei de vez, de volta da minha viagem de impressões pelos outros, na posse plena do meu Génio e na divina consciência da minha Missão. Hoje só me quero tal qual meu carácter nato quer que eu seja; e meu Génio, com ele nascido, me impõe que eu não deixe de ser.
Atitude por atitude, melhor a mais nobre, a mais alta e a mais calma. Pose por pose, a pose de ser o que sou.
Nada de desafios à plebe, nada de girândolas para o riso ou a raiva dos inferiores. A superioridade não se mascara de palhaço; é de renúncia e de silêncio que se veste.
O último rasto de influência dos outros no meu carácter cessou com isto. Reconheci — ao sentir que podia e ia dominar o desejo intenso e infantil de « lançar o Interseccionismo» — a tranquila posse de mim.
Um raio hoje deslumbrou-me de lucidez. Nasci.



["Hoje Tomei a Decisão de Ser Eu" em "Páginas Íntimas e de Auto-Interpretação", Fernando Pessoa (1888-1935)]

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